Um pouco de história

O povoamento de Maricá começou no final do século XVI, efetivado pelos portugueses que haviam recebido terras em doação – as sesmarias – na faixa do litoral compreendido entre Itaipuaçu e a lagoa de Maricá. Quando o Padre José de Anchieta chegou às margens da Lagoa, em 1584 – onde se realizou a célebre pesca milagrosa – ali encontrou diversos núcleos de povoamento em plena atividade, destacando-se as sesmarias de Antônio Mariz, na região de São José de Imbassaí, e a de Manoel Teixeira, localizada junto à Lagoa. O primeiro centro efetivo de população localizou-se onde se encontram o povoado de São José de Imbassaí e a Fazenda de São Bento, fundada em 1635 pelos frades beneditinos. Neste mesmo lugar foi construída a primeira capela da região, dedicada a Nossa Senhora do Amparo e reconhecida como paróquia perpétua em 12 de janeiro de 1755. As febres palustres, que então existiam ali, forçaram os colonos a mudar para o outro lado da lagoa, onde estabeleceram as bases da Vila de Santa Maria de Maricá, nome dado em homenagem a dona Maria I de Portugal, elevada a essa categoria de vila com as conseqüentes emancipação, por Alvará de 26 de maio de 1814, e instalação, em 27 de agosto de 1815. e destacando-se assim das terras do Rio de Janeiro, de Cabo Frio e da Vila de Santo Antônio de Sá, às quais pertencia.
Em 1889, logo após a Proclamação da República, a Vila de Maricá apresentava um tão grande progresso que o governo resolveu elevá-la a categoria de cidade.
Em 1887, surgiu em Maricá a idéia de se construir uma Estrada de Ferro. Criou-se uma comissão membros atuantes da comunidade, que empregaram seus capitais e, em 1889, era inaugurado trecho de estrada de ferro que até Itapeba e, posteriormente, Manoel Ribeiro. O Governo Federal prolongou-a até Cabo Frio, ligando-a com a Central do Brasil. Através dela, os pescadores levavam seus peixes para vender nos mercados de Niterói e São Gonçalo, desta forma o município também escoava sua produção de banana.
A Lei Áurea, por outro lado, prejudicou bastante a atividade agrícola, fazendo com que a nova cidade sofresse algumas dificuldades no seu desenvolvimento. A atividade econômica em geral acabou por fixar-se em atividades agro-pastorais, indústrias de pequeno porte, exploração minerais, construção civil, pesca e turismo. A cidade vem desenvolvendo ao longo dos anos, seu setor de turismo atraindo visitantes de diversas localidades, para suas lagoas plácidas e atraentes praias. Seu clima tropical, a variedade de atrativos naturais e os costumes simples da região são o paraíso do visitante. Jesuítas Em 1584, Padre José de Anchieta pisava em solo maricaense, acompanhado de outro padre e um numeroso grupo de índios. Era a primeira vez que Maricá recebia um Ministro Religioso. Além da catequização, o Padre José de Anchieta realizou na Lagoa de Araçatiba a pesca milagrosa, onde antecipava aos índios o tipo de peixe que seria pescado. A pescaria foi tão abundante e variada que a praia se abarrotou de homens que eram poucos para a salga de tantos peixes. No local pode ser encontrado uma estátua em sua homenagem a sua importância para Maricá, e bem próximo uma cruz que indica o local da primeira missa realizada por ele. Os Escravos Foi de suma importância as grandes levas africanas que aqui chegaram, possibilitando através da mão de obra escrava um grande desenvolvimento tanto aos latifundiários quanto nas construções mais importantes de Maricá. Aos olhos do Rei, Maricá era considerada uma cidade importante, graças ao trabalho sofrido desses escravos que tornaram Maricá um potencial. Há poucos registros da importância desses escravos, as ruínas das senzalas encontradas em nosso município contam um pouco a história desse tempo de escravidão. Cana de Açucar A compensação para Portugal por não encontrar metais preciosos era utilizar o solo para exploração agrícola. Deu-se, no Brasil, um rápido desenvolvimento da indústria açucareira. E tal orientação da metrópole determinou o cultivo da cana –de- açúcar nas terras maricaense. Privilégios foram outorgados aos donatários que eram incentivados a passos largos. O braço escravo passou a ser usado em larga escala. Em novembro de 1778, um relatório de campo feito pelo Mestre-de-Campo Miguel Antunes Ferreira, grande senhor de engenho, era deveras alvissareiro: 5 fazendas, 120 escravos a seu serviço, produção de 96 caixas de açúcar, 57 pipas de aguardente. Leve-se em conta, no entanto, que tal relatório era incompleto, tendo sido esquecidas outras propriedades importantes, sobretudo a Fazenda de São Bento, já que o referido senhor mantinha uma querela com os padres beneditinos. Visitantes Ilustres Seria uma temeridade querer apontar as figuras ilustres que um dia pousaram seus passos e olhares no solo maricaense. Um enorme número de artistas, políticos, religiosos, escritores e cientistas já estiveram em Maricá, quer em missão, quer pelo simples prazer de desfrutar o que a terra tem de melhor para oferecer. Citamos alguns, dentre tantos, se bem que a cada momento figuras destacadas no mundo estejam chegando continuamente a Maricá. Princesa Isabel e Conde D’Eu – ficou na história do município a visita feita pela Família Real em julho de 1868, hospedando-se na Fazenda do Pilar. Ainda hoje encontramos na referida Fazenda os retratos autografados que a Família Real oferecera aos proprietários do Pilar. Dom João VI – esteve em regiões de Maricá ao inaugurar a estrada que ligava Vila Real ( Niterói) a Maricá, passando por Inoã. Estrada de Ferro Em 1887, surgiu em Maricá a idéia de se construir uma Estrada de Ferro. Criou-se logo uma comissão idealista, filhos de Maricá ou membros atuantes da comunidade, entusiasmados com os frutos da execução de tal idéia, empregando os seus capitais em uma empresa que exigiria muito mais que boa vontade. Em 1889 era inaugurado o trecho que ligara até Itapeba e posteriormente até Manoel Ribeiro. Através do Governo Federal tal projeto foi prolongado até Cabo Frio, e fazendo-se o entrosamento com a Central do Brasil. Naquela época, o trem já era um dos meios de transportes mais utilizados, principalmente pela comunidade de baixa renda. Através dele, os pescadores levavam seus peixes para vender nos mercados de Niterói e São Gonçalo, desta forma o município também escoava sua produção de banana. Pesca A pesca sempre despontou em Maricá, não só como fonte de sustento local, como fonte de exportação. As dificuldades de escoamento, tão grandes eram as distâncias e tão difícil a locomoção que obrigavam os comerciantes a salgar o peixe a fim de transportá-lo. A exportação para Niterói e para o Rio de Janeiro era demorada.

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Um pouco mais sobre a história de Maricá

A história oficial(*) do município se inicia em 8 de Janeiro de 1574, com a doação feita pelo governo do Rio de Janeiro à Antônio Mariz (Marins), segundo Monsenhor Pizzaro, de uma sesmaria medindo 500 braças em quadra , na praia fronteira às ilhas Maricá, na altura da atual praia de Itaipuaçú. É nessas planícies e ao redor delas, que tanto nossa história oficial como extra-oficial começaram.

Maricá Maricá


Mesmo antes disso, as terras que viriam a se tornar nosso município já eram conhecidas pelos nativos como "maricahaa ", como pode ser visto nesses escrito de Luís Teixeira, datado entre 1573/1578.
Maricá




O conquistador branco antes de sua chegada à Baía do Rio de Janeiro, conheceu nossa costa primeiro nesse percurso e nossas ilhas viraram referência em mapas, pois estamos no meio do caminho entre as duas localidades que se distinguiram pela altura do descobrimento, Rio de Janeiro e Cabo Frio.


Em um mapa da biblioteca de Lisboa, datado do período de 1573/1578, podemos observar que após" Piratininga ", já encontramos nele nossas ilhas " demaricahaa ", antes da "terra q vai do cabo frio ". Muitos locais novos à serem nomeados, foi mais fácil ao branco manter o nome de muitos lugares do jeito como os nativos os chamavam.
Maricá mapa




Ampliando um detalhe ao se observar o mapa, uma saída de rio existia bem na direção de nossas ilhas, e disso só localizamos algum vestígio em outro mapa, da déc. de 50/60 do século XX. Desse curso de água não temos mais vestígios externos aparentes no presente, se existiu realmente o mar fechou o acesso pelo seu lado, e nossa lagoa mais tranqüila, fechou o seu lado posteriormente.
 
Maricá map




O X vermelho informa a presença do primeiro sinal de nossas ilhas, e pelo formato curvo do que restou de tal canal, mais os dados recentes da existência esporádica de um laguinho central formado pelo acúmulo de água de chuva nessas paragens interiores de nossa restinga, supomos que se houve, sua saída para o mar seria na direção dessa primeira ilha, o que coincide com a abertura que aparece no mapa de 1573.
Maricá




Ao conquistador que passasse por nossas costas, nossas lagoas estariam escondidas pela vegetação, e um canal que viesse da lagoa ou de um laguinho central, visto do mar se pareceria em tudo com uma saída de rio. Mas na área hoje totalmente seca, em que supomos ter existido as margens desse canal, cacos de cerâmica européia de várias épocas foram encontrados, o que nos indica que em tempos históricos passados, algum motivo levou gente do mundo civilizado daqueles tempos, a transitar por aquelas áreas ermas dali.
 
 


Alguns cacos antigos de uma espécie de porcelana grosseira foram encontrados ao redor da área em que tal canal pode ter existido.


Cabe lembrar aqui, antes de se continuar a contar a história do município, que os portugueses que primeiro vieram ter às terras de Santa Cruz, eram inicialmente conquistadores e não colonizadores, todos fiéis vassalos de El-rei de Portugal.


Falavam muito em honra e glória, desejavam ampliar os domínios da cristandade, mas até Camões em seus versos, (Lusíadas, canto IV, 96) embutiu que esses conquistadores já traziam os olhos dilatados pela cobiça.




E ninguém embarcava com destino às novas terras com a idéia de não voltar à pátria lusitana, inclusive muitos dos degredados embarcados à força nessas viagens.


Durante aqueles primeiros 25 anos, Portugal talvez tenha mandado duas ou três caravelas anualmente, despejando em nosso país a vaza e o enxurro de sua sociedade, que com seu comportamento inadequado se transformaram num problema paralelo aos índios, pois tumultuavam a vida dos povoados, fugiam, enganavam índios, em tudo colaboraram para que a idéia do branco bonzinho se desvanecesse dos nativos.
Da população branca daqueles primeiros tempos, quase sua totalidade era formada dessa escória de gente, e sendo Maricá no caminho do Rio para Cabo Frio, supomos que muitos desses degredados passaram ou ficaram por aqui, no caminho de sua fuga ou tentativa clandestina de embarcar nos navios que partiam de Cabo Frio.
 
 




Cacos de cerâmica tupi também são encontrados nessa área.


Passada uma vista de olhos pelas terras recém descobertas, a ilusão de fartura de ouro esmaecida, não fossem as incursões dos franceses ameaçando se apossar dessa nova conquista dos portuguêses, a côrte nem se lembraria de dar início ao povoamento.


Cerâmica tupi pintada de vermelho.





Cerâmicas antigas de procedência a ser identificada foram encontradas também.
 
 


Um caco de uma cerâmica moldada em torno, bem desgastado pelo tempo.




Já os registros de núcleos de ocupações começam em 1598, nas localidades de Imbassaí, Manoel Teixeira e Araçatiba.
Muita coisa da história passada do município ainda vai ser levantada, e nessas peças de quebra-cabeças de fatos em formato de páginas, vários aspectos dessa nossa história aos poucos serão repassados.
 

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